Como é de praxe aqui no Arupa, aproveitamos os dias do fim do ano com toda a sua calmaria e seu calor para colocar a casa abaixo. E depois montamos novamente. Não fizemos isso desta forma no ano novo 2011/2012, pois havíamos recebido ventos difíceis um pouco antes do Natal. Desta forma, resolvemos botar para quebrar no nosso ano novo 2012/2013 (essa é a nossa forma estranha de botar para quebrar no reveillon). Terminamos esses dias com os corpos moídos, mas a alma lavada. O alívio de colocar as coisas em movimento.
Nesta semana, coloquei alguns dos meus melhores e mais íntimos amigos para tomarem um banho de sol. Lindos.
Depois de ter o escritório bem faxinado trouxemos todos de volta para as prateleiras. Um bonito movimento. Me surgiu as perguntas: como você organiza os livros na sua casa? Por ordem alfabética? Por cor? Por tamanho? Por assunto?
Pois é, aqui no Arupa organizamos nossos livros por afinidade. Sabemos que quem não entende a nossa lógica/afinidade se perde em meio as prateleiras e livros. Mas afinal, de quem é a biblioteca?
Na prateleira com melhor acesso estão os nossos melhores amigos. Aqueles que são tão íntimos que chegam a nos confundir: ele sou eu? Aqueles que revisitamos incansavelmente, voltando com muita frequencia para a nossa mesa de cabeceira. Uma relação de amor profundo. São aqueles amigos que muitas vezes nos tiram da zona de conforto. Só os melhores amigos conseguem/podem fazer isso. Dando uma palhinha, nesta prateleira juntamos: Nisargadatta com Douglas Adams; Alan Watts com Tolkien; Osho com Alberto Caeiro; Walt Whitman com Nietzsche; Veríssimo com Rumi. E por aí vai... amigos realmente muito íntimos.
Na segunda prateleira são os amigos que amamos e nos damos muito bem, visitamos eles com frequencia. Porém, com eles, não corremos o risco de perder a estrutura. São amigos confortáveis. Eles têm um colo macio que amamos. Alguns deles: Lewis Carrol, Neruda, Ken Wilber, Amit Goswani. E por aí vai...
Na terceira prateleira são os amigos especialistas. Aqueles amigos com quem podemos ficar horas seguidas juntos conversando sobre um mesmo tema. É uma delícia! Amigos com quem os encontros perdem as horas e a troca é imensa. Alguns exemplos: Barbara Kingsolver (breve citação aqui, livro que merece um post), Alice Waters (falei dele aqui), Pe. Ivanir João Franco, Rudolf Steiner (caso bem específico do Steiner, pois é um livro de agricultura, bem possível que algum outro livro dele fosse para outra prateleira). Esta prateleira tem muitos livros de agricultura, cultivo, alimentos, receitas, meio ambiente, sustentabilidade. É nela que está o livro do meu querido pai, amigo de muitas horas e com certeza um amigão específico para a cozinha. Já falei dele aqui e aqui.
Depois temos a prateleira dos parceiros. Aqueles que nos dão boas conversas e bons momentos, mas não nos chamam para revisitá-los. Ficam guardados com carinho dentro de nós e na prateleira. Sendo que, algumas vezes, deixamos eles irem com novos amigos.
Também temos a prateleira que divide o grupo da autoajuda com o grupo técnico empresarial (se é que podemos dizer assim). Num lado um grupo, noutro o outro e uma escultura de pedra no meio. São livros de contabilidade, finanças, marketing, planejamento estratégico... amigos que não revisitamos, mas acreditamos (deixo claro que é uma crença falida) que podem ser necessários em algum momento. No lado da autoajuda encontramos o Anticâncer (meu livro de cabeceira por muitos meses de 2012, falei dele aqui), livros de Tarot, livros do Jung, psicodrama. Amigos que buscamos quando estamos num beco sem saída. São bons amigos, bons ouvintes. Nós recorremos a eles e depois de lê-los voltamos para a primeira prateleira.
Há a prateleira de revistas. Sim, eu revisito revistas. São revistas de cozinha, jardinagem, arquitetura e decoração. Como não dou a menor bola para moda, vejo bem feliz uma revista dos anos 70, 80, 90 ou 2000. E sempre encontro muito boas ideias. Parecem sempre revistas atuais e novas para mim. Sem contar que é bem econômico.
Ainda temos a prateleira dos amigos mal lidos, ou seja, aqueles com quem não temos nenhuma afinidade. São os amigos com quem ficamos alguns instantes e cansamos. Alguns deles já mereceram inúmeras investidas, mas acabamos sempre desistindo. Porém, confiamos na vida e na sua capacidade de criação. Vai que a afinidade surge de uma hora para outra? Afinal, eles parecem tão lindos, tão interessantes. Bons exemplos desta prateleira são os amigos “O monge e o executivo” e o “Quem somos nós”.
Alguns amigos perdidos pipocam aqui e ali no nosso critério subjetivo. Mas como são poucos, acabamos deixando junto com algum grupo para que façam novos amigos. Além dos de arquitetura e artes, gatos pingados que ficam nos escritório já que a maioria encontra-se na sala para que outros amigos possam conhecê-los.
Por fim, alguns amigos de quem nos despedimos. Amigos que terão outro destino. E desejamos que sigam seu caminho e encontrem bons novos amigos, com real afinidade. Afinal, ano novo, vida nova para todos que amamos. E a isso, incluo os livros, meus amores secretos. O problema é que, por mais que nós deixemos alguns amigos seguirem seus rumos, novos surgem e as prateleiras vão ficando pequenas. A sensação que tenho é que são muitos amigos por amar!
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