Esse começo de ano tem me gerado uma série de reflexões. Seja por ter que olhar mais de pertinho para a saúde, seja por ter acalmado a safra do verão, ou por adentrar o tão falado 2012. Não importa.
Recentemente falei de loucura e sanidade com um amigo. Muitas vezes olho para a vida que nos abarca e vejo uma sanidade absoluta. Em outras, principalmente quando “volto ao mundo”, tenho a impressão de ser um “allien”, completamente in-sano. Acho que as duas respostas estão certas. Ou nenhuma delas...
O convívio com as coisas do sítio me ensina um bocado de coisas. Coloca eventos em perspectiva e a percepção sobre onde eles acontecem se amplia. Naturalmente, como os ciclos da natureza ou os círculos gerados por uma gota ao cair na água.... Nesta amplitude, carregar certezas torna-se sem sentido, pois elas em si têm um peso que imobiliza. Fica o 'simples' viver, com leveza e agilidade, com calma e tranquilidade, não mais uma metáfora da vida, mas a vida em si...
Sem as certezas, vai ficando cada vez mais desconfortável o ruído do mundo, onde posições são defendidas por Dom Quixotes lutando contra moinhos de ideias. Silenciar é a resposta. Voltar ao simples é o movimento. O vazio tomando conta. E o personagem Priya sumindo, sumindo...
Ufa! Um alívio!
O vídeo “O homem que plantava árvores” tem ecoado em mim. Sem mais, ele planta árvores. Sem menos, ele planta árvores. Aqui, uma metáfora da vida.
Quando colocamos as coisas em palavras, o quanto se esvai através delas? O quanto se constrói através delas? Tenho percebido um tanto de discurso, um tanto de quereres, um tanto de desejos, um tanto de certezas. E um tanto de distância real entre todos eles e a ação simples, direta. Onde é o eixo que tranca e faz este empacar e postergar? Parece-me que vivemos na era da procrastinação. A era da superficialidade. A era da instantaneidade e da volatilidade.
É mais fácil crer que as bandejas do supermercado não são galinhas de verdade. É mais fácil fazer filantropia do que olhar profundamente para as relações, incluindo as sociais. É mais fácil pegar o alho da gôndola do supermercado acreditando que há ética comercial embutida nele. É mais fácil responsabilizar o governo, os empresários, a igreja do que olhar para as próprias ações e seus impactos.
Responsabilidade. Não como dever, mas como a capacidade de responder ao que está posto.
Fazer de conta é a bola da vez, escancarada diariamente, inclusive nas redes sociais. Enquanto isso, as farmácias vendem psicotrópicos a varrer, anestesiando possibilidades de olhar para as coisas como elas são e acomodando os gritos surdos nesta Matrix de opiniões homogeneizadas.
Ao final, tudo se acomoda...
Fico com o homem que plantava árvores. Fico com a visão ampla, onde uma ação não tem um início. Nem um fim. Onde responsabilidade é. Antes mesmo do agente.
Fico sem vontade de debate. Fico sem vontade de Fóruns. Fico sem vontade de opiniões. Fico sem vontade de explicações. Fico sem vontade de justificativas. Fico sem vontades... Fico sem... Silencio.
Vou plantar...
4 comentários:
Belíssima reflexão, cheguei aqui via agrega pais e curti o que vi...Sei bem como é se sentir assim, essa onda de "miguxismo", de amizades fake, deste mundo artificial enfada qualquer um que tenha bom senso. Grande!
Julio.
Julio, seja muito bem vindo ao blog. Fico feliz que tenhas gostado.
Fique a vontade neste espaço.
Grande abraço
Também fico com o homem que plantava árvores....
Caminho Iluminado!
Estou adorando o site.
Bjus
Que bom, Claudia!
Seja bem vinda e fique a vontade!
Grande abraço
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